domingo, 26 de maio de 2013

Fantasia a porta da minha vida!



A primeira vez que ouvi uma história fantástica não foi através de um livro ou filme, foi da boca de um homem, dizem que as histórias sobreviveram ao tempo graças a homens iguais a ele, que abandonavam sua terra para sair cantando e levando alegria até o canto mais ermo da terra, cantavam, recitavam lindos poemas e algumas vezes até encenavam, dizem também que a facilidade de criar universos fantásticos é um dom, mas o que via no homem que me contava essas histórias era apenas apreciação.

Se a memoria não me falha esse homem passava as tardes e noites por quatro crianças, um menino e três moças, que o pediam para ele narra mais de suas fantásticas histórias, muitas vezes o homem, careca de bochechas largas e nariz gordo, representava com barulhos e canções histórias que lia de um livro, em outras ocasiões dava vida a o macaquinho torres, que vivia a importunar o bigode de um português, ou o leaocazarão, dessa não me lembro de muito só sei que tinha algo a ver com o um leão que tinha cara de cão, e as quatro crianças riam e cantavam juntos muitas vezes o ajudavam a compor as cantigas, que se encerravam quando sua bela esposa anunciava que o jantar estava pronto.




Mas quando seu filho se mostrava preguiçoso, ou uma de suas filhas birrentas ele se embrenhava em um universo repleto de aventuras, Zé Faquinha e Zé Flechinha, dois fieis guarda-costas do valente príncipe Miguel, que andava a esmo pelos desertos lançando justiça e valores a diferentes lugares, não sei o que mais me atraia nessa história, se era a falta de localização dos lugares, que muitas vezes eram chamados somente de desertos, ou de purgatórios, ou se era os nomes dos demais personagens que recebiam o nome de Zé acompanhados de suas tarefas, como por exemplo o Zé enxerga tudo, que enxergava no horizonte os maldosos tuaregues, homens que caminhavam pelo deserto fazendo maldades, vestidos de negros.

Mas as narrativas as maioria das vezes ocorriam nos purgatórios, uma espécie de dimensões que tinha suas passagens abertas através de cavernas, onde o Príncipe Miguel, Zé Faquinha, Zé Flechinha e os outros “Zés” enfrentavam as maquinarias do maldoso Bruxo Morcego, e lutavam contra os defeitos capitais, com a preguiça, para onde todos os meninos preguiçosos iam... Bom quando era preguiçoso de mais, á viviam sem a mãe ou sem o conforto de sues lares, quando deixassem de serem preguiçosos poderiam retornar para casa, o problema é que ninguém voltava.

A narrativa também contava com elementos característicos, como o balão de arco-íris do Zé Faquinha, que deixava rastros de luz por onde passava me lembro de toda vez que vejo um balão, esteja ele onde estiver.

Infelizmente peguei essas histórias através de gravações feitas através de um pequeno gravador, mas me marcaram e me lembrarei dessas histórias até o fim de minha vida.


-Plínio Rezende-  


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