os tres porquinhos, panela adentro.
Na escola, os três eram motivos de piadas, já que viviam sujos e sebosos, graças a vontade da mãe emporcalhada.
Mesmo ao extremo da humilhação, seguiam firmes, pois nada podiam fazer para muda-la.
Até que um dia, decidiram descruzar os braços e tentar convencer a mãe Porca a viverem uma vida mais limpa, pois com o conhecimento que tinham, montariam uma grande mansão para viverem longe de toda aquela lama e lavagem. A mãe Porca gostava de viver na simplória vida de chiqueiro, se recusou a seguir o pedido dos três filhos porquinhos, decidindo assim a continuar em seu comodismo.
O porquinho mais novo então, propôs uma nova idéia aos irmãos:
-Não nos resta nada a não ser vende-la ao Lobo, com isto a gente pega o dinheiro, divide e cada um faz sua casa!
A principio os irmãos repudiaram a idéia do caçula, mas vendo que não tinham outra solução, decidiram aderir a insanidade do irmão.
Caminharão então, ao covil aonde residia o Lobo, passando por entre esqueletos e carcaças de animais mortos pelo mesmo:
-O que traz três deliciosos jovens suínos ao meu covil?
O porquinho do meio, mais rechonchudinho tomou a frente para negociar:
-Viemos lhe vender algo.
O lobo, os rodeou, cheirou o gordinho e perguntou:
-O que podem ter vocês que me interesse mais que seus deliciosos pernis e costelinhas?
O porquinho tomou coragem e falou:
-Nossa mãe... Ela é uma clássica leitoa, gorda e aos seus olhos, suculenta... Estamos dispostos a vende-la, para construir assim nossas vidas.
O lobo conhecia bem a Porca, sempre a admirou lambendo os lábios:
-Maravilha... Estão dispostos a vender a magnifica mãe de vocês?
Os três se olharam envergonhados com a pergunta do lobo, que os consolou:
-Pois não sintam vergonha, meus amigos... Eu valorizo a atitude de vocês, tanto que estou disposto a lhes dar 10 moedas pela deliciosa Porca gorducha.
O mais velho então tomou a frente das negociações:
-Quinze moedas. É o que achamos que vale a nossa... Aquela Porca. Queremos quinze moedas nela e o senhor sabe muito bem que vale!
O Lobo sorrateiro os encarou com os olhos e sorrindo maliciosamente propôs:
-Pois lhes dou doze moedas! Quatro para cada um de vocês!
-Pois esta feito, senhor Lobo. É sua nossa amada mãezinha. Só lhe pedimos que se apiede dela, a mate rápido, mesmo que a devore devagar...
O Lobo nada prometeu, pois seus ataques traiçoeiros costumavam ser rápidos, no entanto as vitimas agonizavam lentamente enquanto eram mastigadas por ele.
Então os três porquinhos sairão dali cada qual com suas quatro moedas, o mais novo deles concluiu:
-Depois do que fizemos, não tenho mais coragem de olhar pra vocês... Sempre que olhar me lembrarei do que fizemos a nossa mãezinha.
O do meio chorou e disse:
-Acho que não foi justo, mas já esta feito. Aceito se decidirmos cada um ir pro seu lado, sem nos vermos nunca mais, afim de evitarmos tais dolorosas lembranças.
O mais velho então sugeriu:
-Ei, pra frente deste trecho a uma estrada que se abre em três caminhos. Façamos o seguinte: Cada um segue por ele com suas quatro moedas, montando assim sua própria vida, como foi combinado antes. Eu seguirei pelo primeiro caminho e construirei uma bela choupana de palha, a margem do lago.
O do meio concordou e decidiu:
-Boa idéia, pois eu seguirei ao caminho do meio e construirei uma belíssima cabana de madeira em meio a mata fechada!
O terceiro empolgado clamou:
-Pois eu fico com o terceiro caminho, próximo ao riacho, construirei uma forte casa de tijolos!
E assim fizeram, cada qual traçando seu caminho, esquecendo assim o erro que cometeram.
Enquanto isto o Lobo batia no chiqueiro sujo da dona Porca, que lhe recepcionou muito bem:
-O que faz aqui, senhor Lobo? Posso lhe ser útil?
O Lobo a olhou babando e antes de dar o bote respondeu:
-Três arrobas sempre pode ser útil a um estomago faminto!
Ele a arrastou para seu covil ainda com vida, a Porca em desespero gritava:
-Por favor, senhor Lobo, deixe me ir, poupe-me de sua gula, sou mãe, tenho três filhos para criar!
O Lobo riu desgraçadamente, insinuando:
-Pois não cuidou bem de suas crias egoístas. Eles a venderam a mim por doze moedas, lhe digo que fiz um ótimo negocio, levando em consideração que senhora é de uma suculência sem igual, doze moedas é um bom preço por tal especiaria!
O Lobo então, devorou a Porca devagar, a fazendo agonizar até o ultimo minuto, enquanto apreciava sua carne e seu sangue quente, que lhe jorrava no focinho.
Após devorar toda a gorda Porca, o Lobo satisfeito cochilou, sonhando com a carne mais saborosa que já havia provado em sua vida.
Quando acordou pela manhã, o Lobo ainda mastigou a carcaça da Porca, lamentando pelo fim da boa carne. E quando não restou nada mais para ele roer, se pegou a pensar:
-Se essa leitoa velha é tão saborosa, imagine suas crias, gordinhas como bolas e macias como seda...
Então o atraente pensamento se tornou um delicioso plano, o Lobo decidiu farejar os porquinhos e devora-los, pois ficou viciado no doce o sabor suíno.
Ele os farejou até a entrada dos três caminhos, aonde conclui sabiamente que cada um seguiu por um lado diferente, tomando para si o primeiro, para depois seguir aos outros.
Deparou-se então com uma belíssima choupana na margem do lago, aonde um porquinho mais velho dormia com a barrigona pra cima, em meio a toda sua limpeza entre as palhas secas. O Lobo bateu na porta:
-Porquinho? Esta em casa?
O porquinho acordou, percebendo que era o Lobo assim respondeu:
-Estou, mas nada tenho a falar com você, pois não tenho mas mãe alguma para lhe vender!
O Lobo lhe foi convincente:
-Pois abra essa porta, leitãozinho... Estou com outras três moedas. Após devorar sua mãe percebi que ela realmente valia bem mais que as doze, como você mesmo disse. Cá estou com as outras três para lhe entregar.
O ambicioso porquinho então, abriu a porta. O Lobo pulou em seu pescoço e com uma forte dentada lhe fez desmaiar. O porquinho acordou já sem as patas, o Lobo as havia devorado em sua
inconsciência. O porquinho desesperado tentou correr com seus toquinhos, não conseguindo, acabou caindo de novo na boca do Lobo, que o devorou pelo resto daquele dia. A noitinha, dormiu de barriga cheia na cama de palha, prometendo visita o porquinho do meio.
Dia seguinte, la se foi o senho Lobo, trilhar o caminho do meio desta vez. Chegou então na mata fechada, e logo avistou uma belíssima cabana de madeira:
-Ô de casa? Senhor porquinho roliço?
Estava o porquinho cortando lenha quando viu o Lobo:
-O que faz aqui, senhor Lobo?
-Estava eu de passagem quando avistei sua bela cabana. Vejo que esta cortando lenha. Assara alguma coisa, leitãozinho?
O porco o olhou assustado e com medo respondeu:
-Bem, senhor Lobo, estou pensando em cozinhar algumas batatas para o almoço... Se quiser ficar eu...
-Eu adoraria. -Respondeu o Lobo já lambendo os beiços. -Adoro batatas!!!
E enquanto o porquinho mexia o caldeirão com as batatas, o Lobo traiçoeiro foi lá bem devagarzinho e o empurrou no caldeirão de agua fervente!!!
O pobre coitado pulava dentro do caldeirão, agonizando com a fervura da agua. O Lobo impedia que ele fugisse com uma grande colher de madeira:
-Adoro batatas, amiguinho, mas com carne suína certamente ficaram bem mais gostosas!
O Lobo passou o dia devorando o leitão cozido com as batatas, prometendo dia seguinte, provar o porquinho mais novo:
-Realmente esses suínos são uma delicia! Mas o melhor esta por vir, deixe estar, amanhã pego o mais novinho e mais roliço, farei um belo assado dele!
O lobo acordo bem disposto na cabana de madeira. Se espreguiçou, roeu os ossinhos do porco e partiu para o terceiro e mais promissor caminho.
E lá estava o porco, em sua casinha de tijolos, em meio ao nada. O Lobo chegou e bateu palmas, o porquinho malandro que era, adivinhou as intenções do traiçoeiro:
-Leitãozinho... abra a porta, pois preciso lhe falar.
O porco tratou de socar brasa na lareira, quando a chama levantou, ele respondeu:
-Ora, ora... Amigo Lobo, que bom que veio me visitar... Mas esta porta esta emperrada, seria muito incomodo se pudesse entrar pela lareira? Garanto que o fogo esta apagado e não lhe causara nenhum dano!
O Lobo então, mais que depressa deu um pulo no telhado e desceu de cabeça pela chaminé, caindo de cara no braseiro quente. O porquinho, armado com um espeto, lhe furou o olho esquerdo.
O Lobo, raivoso e faminto, pulou bruscamente contra o leitãozinho esperto, já com os dentes em sua jugular, dilacerando seu saboroso e grosso pescocinho suíno. E mesmo cego de um olho e com a face desfigurada pela brasa, o lobo assou o porquinho na lareira, e depois de bem assado, ele assoprou, assoprou e assoprou, devorando frio, o melhor assado de sua vida.
Julio Cezar Dosan
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeterror/2619100
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Bacana me ler aqui :)
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