domingo, 14 de outubro de 2012

O condenado part #2




O purgatório 


O purgatório era uma longa paragem de chamas violentas que ardiam, almas e mais almas ali sofriam a sentença. O purgatório é um lugar não de sofrimento, como o inferno, mas de penitencia, santos e mais santos por ele passaram.

___Aram o purgatório você pagara o que não pagou em vida___ disse o anjo___ não pense que uma hora será uma breve visita, ou que aguentara facilmente.

Aram nada disse, descera os últimos degraus da escada da eternidade, a escada que os homens percorrem durante a vida, são as vias que ligam o céu e o inferno, cada degrau é uma tortura excruciante, assim que pisou nos campos, sua alma voltará sentir o peso carnal, as chamas lilás ardiam na pele, mas não causavam feridas fortes , vagou por algum tempo e caiu no chão cansado, o lugar onde caíram um arbusto incandescente. Aram não aguentou se levantar, então ficou sentado, com a pele ardendo.

Uma lembrança o tomou, no interior de São Paulo, estava a negócios, suas falcatruas, uma mulher o abordou, era umas de suas prostitutas.

___Aram, aconteceu um acidente____ a mossa falava com medo.

___o que foi____ Ele estava ocupado, mexia em caixas e papeis.

___Eu estou gravida.

___O que eu tenho a ver com isso?

___minha vida já é difícil tendo que me sustentar, um filho vai piorar, fora que eu não tenho um bom tratamento medico.

____O que você quer que eu faça, quem mandou não se prevenir.

____Você, mandou obedecer o cliente...____ele a esbofeteou, o sangue começou a ferver.

____Nem ouse colocar a culpa em mim, fala o que você quer arrancar de mim.

____Quero que você banque o hospital para o meu parto, e deixe eu recomeçar uma nova vida longe da prostituição.

Aram deu outro tapa na cara dela.

____Tá maluca, você é minha propriedade vai sair porcaria nenhuma, vou pagar os custos do hospital, mas terá de pagar cada centavo e com juros.

___Não precisa pagar, mas vou sair dessa vida de qualquer maneira...

___Se você sair será em um caixão, você sabe de mais. ___ Ele agarrou a mão dela, estava fora de se já, ele deu um soco na cara dela___ se sair EU VOU TE DESTRUIR!___ deu outro murro na cara dela, quando voltou a se, ela estava desmaiada, toda sangrando, não estava morta, mandou que a levasse para longe dali.

Voltou a si, nos campos flamejantes, a dor era insuportável, começou a sentir sede. Não muito longe corria um pequeno riacho, Aram se esfolou todo ao se arrastar até ele, tentou pegar água com a mão em concha mas quando levou-a até a boca, a água secou, fez isso varias vezes, e a água lhe fugia. Mergulhou a cabeça na água, não sentiu a água na boca e não se saciou, começou a chorar, o juiz o enganara e seu o anjo o abandonara.

Já estava no purgatório a dias, suas feridas eram carne viva, sentia a fome e sede, chorou e depois gritou, de raiva, revoltado.

___ PEDROOOOOO! MEU ANJO! TRAIDORES, TRAIDORES, MENTIROSOS____ a raiva passou e voltou ao lamento. Uma alma se arrastou para perto do lago, seu corpo estava decomposto de tão esfolado, mergulhou o rosto no rio, quando tirou a cabeça do lago, chorou, o choro passou, e começou a resmungar.

Aram vendo aquilo ficou revoltado, aquela alma não sofrera como ele, já estava a décadas na beira daquele lago.

___Por que lamenta___ disso inconformado ___estou aqui a tanto tempo que esqueci quando entrei aqui.

___choro, pois estou condenado a ficar aqui ate o juízo do mundo, choro porque não sei quando verei a Deus...___ a alma se virou e se arrastou em busca de outro córrego, sempre resmungando.

Com medo de ficar ali até o juízo do mundo Aram foi tomado pelo desespero.

___São Pedro! Meu anjoooo!... Apareçam____ para a Aram fazia anos dês da ultima vez que berrou pelos dois.

Um clarão surgiu e um fraco vento soprou, para o alivio do condenado, o celeste de túnica azul, surgiu na sua frente.

___Por que gritas Aram?___ o anjo perguntou calmamente. ___vocês me enganaram, Pedro me enganou.___ Aram falava com ódio e orgulho.

___E por que acha isso?

___Fui condenado a ficar uma hora no purgatório e já estou aqui a anos me abandonaram aqui.

___Estais enganados, não faz muito tempo que você deixou o tribunal. Avisei-lhe Aram sobre o peso que o purgatório impõe sobre a frágil alma pecadora.

___Leve me até Pedro, eu o imploro, quero fazer um acordo.

___Certo___ o anjo o tocou e Aram apareceu diante dos dourados portões do céu, dois anjos, de feições guerreiras e belas, montavam guarda, vestiam reluzentes armaduras prateadas e portavam grandes alabardas. Aram não via o que estava para lá dos gigantescos portões. São Pedro surgiu perante o condenado, Aram sentia suas feridas começaram a se curar.

___O quer meu filho, por que posta se diante dos portões do paraíso se ainda sua pena não cumpriu.__ a voz de são Pedro era suave e paterna e ao mesmo tempo severa, seus olhos cinza refletiam sabedoria, a alva barba era longa e volumosa e ia ao meio de sua toga reluzente.

___ Não pode ser, Estou naquele buraco á séculos, você disse que seria apenas algumas horas.

___ Aram sua alma foi perdoada, mas sua frágil consciência humana ainda é atormentada pelo desanimo e pelo orgulho, perdoado estas, mas será que se vem e se prostra de ante dos portões do senhor em arrependimento? ____Sim!___ clamou ___ arrepen... ____Ah! A alma arrependida reconhece sua miséria, ela prefere passar décadas sofrendo a se apresentar diante do altíssimo com a mente ainda marcada pelo pecado. Não este arrependido meu bom filho, pois à alguns minutos recebera sua sentença.

Aram não aguentou, chorou.

___sim! Não estou arrependido, sou fraco e frágil sou um miserável mas quero mudar por isso quero propor um acordo.

___pois bem, diga.

___Dei-me outra sentença, eu imploro.

___Está certo. ___ três grandes grilhões de chumbo apareceram em seus pés___ três provas terá de prestar, e se nelas falhar sua alma irá se condenar, vá, volte pela escada e cumpra sua sentença, volte digno e conquiste seu perdão heroicamente.___ São Pedro apontou para os brancos degraus da infinita escada da eternidade___ Tome ira ajudar em sua jornada.____ Pedro entregou um par de sandálias de couro á Aram.

Aram pego as sandálias e penas se virou e caminhou em direção a escada.

Quando se aproximou dos degraus de mármore o anjo de túnica azul celeste interceptou Aram.

___Tome, aposto que ira precisar___ o anjo entregou lhe uma cruz que lembrava uma adaga, era muito afiada e de um metal que reluzia mais que o ouro. Aram ainda vestia suas roupas mundanas, pegou a adaga e a guardou, pendurou as sandálias no sinto, sem dar muita importância a elas. ___Obrigado___ Aram agradeceu ao anjo que por ele tanto fizera, sem pedir nada em troca. ___Que Deus de guie, não se esqueça, a sentença nunca será leve, sempre ficar pior___ Avisou mais uma vez o anjo amigo.





                                                                                         Plínio Rezende 


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